sexta-feira, 20 de março de 2009

América reza pela sorte de um cavalo

América reza pela sorte de um cavalo
24 Maio 2006

O drama da vida real do momento nos Estados Unidos tem por protagonista... um cavalo. É verdade que não se trata de uma vulgar pileca: Barbaro, um puro-sangue de três anos de idade, avaliado em cerca de 25 milhões de euros, era para muitos entendidos das corridas o melhor exemplar a pisar as pistas em meio século. Agora, com a tripla fractura na perna direita traseira, sofrida no último sábado, a sua esperança mais optimista é acabar os dias numa quinta de reprodução.
A ascensão e queda deste corredor de nome sugestivo tem todos os ingredientes da tragédia clássica: há uma semana, Barbaro era a grande esperança dos amantes da modalidade. Depois da esmagadora vitória no clássico Kentucky Derby, ninguém duvidava da sua capacidade para juntar ao currículo as Preakness Stakes e Belmont Stakes, atingindo a mítica Triple Crown, o grand slam das corridas de cavalos na América.
O sonho de assistir a uma proeza só alcançada por onze puros-sangue em quase 90 anos - e que nenhum consegue repetir desde 1978- acabou, num passo em falso, na primeira volta do Preakness Stakes. Barbaro foi o último a aperceber-se da tragédia. Movido pela adrenalina, ignorou a dor e os esforços do jockey Edgar Prado para o imobilizar, mantendo o galope durante algumas dezenas de metros. O suficiente para agravar consideravelmente a lesão.
O que se seguiu poderia ser comparado à cobertura mediática da tragédia de uma estrela de Hollywood: do resgate numa ambulância especializada em pleno hipódromo, à vigília angustiada do proprietário, Roy Jackson, durante as cinco horas de cirurgia, este domingo, todos os esforços para salvar o puro-sangue foram acompanhados, em tempo real, por milhões de norte-americanos. Nas notícias de ontem, da CNN ao New York Times, um dos grandes destaques era a boa nova: "Barbaro está a recuperar".
Com uma placa de titânio e 23 parafusos a unirem-lhe os ossos desfeitos, carregado de sedativos e antibióticos administrados por via intravenosa, o puro-sangue apresentava-se ontem invulgarmente em forma. Para além de já se conseguir apoiar na perna partida - progresso essencial para evitar complicações futuras nos outros membros-, Barbaro alimentou-se normalmente. Mais auspiciosa ainda foi a revelação do seu treinador, Michael Matz, segundo o qual o cavalo terá mesmo chegado a "flirtar" com as companheiras do sexo feminino, na unidade de cuidados permanentes do hospital de animais da Universidade da Pensilvânia.
Mas os especialistas mantêm-se cautelosos, atribuindo-lhe 50% de hipóteses de sobreviver. Demasiadas coisas podem ainda correr mal, desde uma nova fractura, num movimento brusco, ao desenvolvimento de infecções nos órgãos internos.
A evolução tecnológica aumentou as esperanças de recuperação deste tipo de lesões. Após a cirurgia, Barbaro foi imerso numa piscina para poupar as pernas e evitar lesões internas (devido ao seu peso, os cavalos não podem passar muito tempo deitados). Mas os médicos reconhecem que raramente se deparam com casos tão graves. Até porque a maioria dos animais são abatidos.

in Informação Online

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